quarta-feira, 16 de abril de 2014

Banco Central nega qualquer sinal de bolha imobiliária no Brasil




Banco Central nega qualquer sinal de bolha imobiliária no Brasil Estudo mostra que, mesmo se preço dos imóveis caísse 33% após a Copa, bancos não enfrentariam onda de quebradeira
Deco Bancillon - Correio Braziliense
Publicação: 21/03/2014 06:00 Atualização: 21/03/2014 07:49

O preço alto dos imóveis no Brasil não é fruto da especulação sem limites. Essa, pelo menos, é a avaliação do diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Anthero Meirelles, que garante não existir qualquer sinal de bolha imobiliária no país. “Aqui, o preço do ativo não sobe sem justificativa econômica. Além disso, praticamente não há segunda hipoteca (do bem) e mais de 90% dos imóveis são para moradia (própria)”, assinalou.

O assunto ganhou a atenção do BC após diversas análises de especialistas do setor alertarem para o risco de queda forte dos preços após a realização da Copa do Mundo, em junho. “A gente acompanha o debate (sobre a bolha imobiliária) e precisa responder com dados concretos (a essas preocupações)”, disse Meirelles.

A resposta foi um estudo inédito do BC, publicado ontem, que traz simulações de variação de preços e seus respectivos impactos nos resultados de bancos que operam o crédito imobiliário. O objetivo era verificar se uma queda muito forte nos preços poderia provocar quebradeira no sistema financeiro, com mutuários devolvendo imóveis aos bancos. Com isso, a instituição quis afastar de vez o receio de que o Brasil possa viver situação semelhante à que os Estados Unidos viveram durante a crise das hipotecas podres (subprime), que desencadeou a maior crise econômica desde 1929.

O BC traçou cenários diferentes para avaliar o comportamento dos preços dos imóveis no país. A cada simulação de queda, media a capacidade do mutuário em honrar a dívida, mesmo que o empréstimo contraído ficasse mais caro que o valor do imóvel. No pior cenário traçado, o BC previu queda de 33% no preço dos imóveis.

O número não foi escolhido à toa. “Esse percentual foi o mesmo verificado na bolha do subprime dos Estados Unidos, mas lá essa deterioração nos preços ocorreu entre abril de 2006 e maio de 2009. Aqui, no nosso teste, eles caíram 33% em um dia”, disse. Mesmo nesse cenário, lembra Meirelles, o estudo indicou que nenhum banco teria problemas para continuar em funcionamento.

Apenas na hipótese de o preço do imóvel cair abaixo de 90% do valor da dívida é que o empréstimo seria considerado impagável, diz o estudo. Mas Meirelles descarta uma situação tão extrema. “Não acredito em nenhuma mudança grande em relação a preço de imóveis no país”, disse. “Mesmo essa visão sobre a Copa (provocar uma queda abrupta nos preços) é exacerbada”, apontou. A razão para isso, ele disse, é o próprio comportamento da economia. “Como estamos num livre mercado, se há irracionalidade (nos preços), a tendência é que ela seja corrigida.”

DESACELERAÇÃO
O diretor recordou que os preços já desaceleraram nos últimos meses, conforme mostra o Índice de Valores de Garantia de Imóveis Residenciais (IVG-R), um indicador preparado pelo próprio BC. Os imóveis crescem hoje em ritmo pelo menos duas vezes menor que o verificado no auge do movimento de valorização imobiliária, em 2009. Em agosto daquele ano, as residências no país valorizaram, em média, 1,93%. Já em agosto do ano passado, o último dado disponível, essa alta havia sido de 0,74%. “Mesmo que houvesse uma hecatombe nos preços, nossas instituições bancárias teriam capacidade para absorver isso”, garantiu Meirelles.
 Fonte: http://www.em.com.br